Será possível ao cristão, na pós-modernidade, ser um protagonista da transformação social, agir coerentemente com suas crenças e desprezar o que está acontecendo ao seu redor?
Não é de hoje que esta tensão recai sobre muitos que abraçaram a fé cristã bíblica. Para aqueles que acreditam na Bíblia como a Palavra de Deus, e o tem como Criador, Sustentador e Governador de todas as coisas, sabem que desde Adão a falta de intencionalidade no observar o meio ambiente e o estado das coisas nunca acaba bem.
A humanidade em Adão e Eva, tinham claramente as regras estabelecidas para que o ecossistema Éden fosse governado com sabedoria e tudo fluísse em justiça, paz e alegria. Paulo apóstolo definiu na sua carta ao Romanos que este estado das coisas é o que define o Reino de Deus.
Deus, ao criar todas as coisas em santo e perfeito amor (pois sendo Deus não tinha necessidade de coisa alguma), dá ao ser humano o privilégio de compartilhar de muitos dos atributos divinos, necessários para que a humanidade pudesse viver em harmonia comunitária e ecológica. Assim, foi estabelecido um ecossistema harmonioso em que os meios: Espiritual, Relacional, Físico e Sistêmico estariam em perfeita comunhão.
A falta de intencionalidade do homem em fazer convergir a fé (seu relacionamento com o Criador e suas leis) com os fatos (o meio ambiente e os relacionamentos inter-pessoais) levou este ecossistema à um desequilíbrio quase irreparável. Sim, quase, porque o próprio Criador proveu o meio pelo qual este ecossistema seria restaurado. O capítulo 3 do livro de Gênesis nos anuncia a queda da humanidade, pelo desgoverno de Adão, mas revela a esperança de restauração já providenciada, para que o homem e o meio em que vive, não perecesse para sempre. Esta é a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, que traz para a humanidade caída a Lei e o exemplo que desde o princípio havia sido planejado. Uma proposta de redenção do homem e seu meio.
Portanto, cosmovisão cristã nada mais é que olhar a vida pelas lentes das Escrituras Sagradas, buscando em sua essência promover os sinais do Reino de Deus em todas as esferas de influência da sociedade. Jesus, em seu evangelho, escrito por Mateus, no capítulo 5, verso 15, usa a alegoria da candeia (lâmpada rudimentar que utilizava azeite como combustível), para instruir seus discípulos à respeito do papel social que deveriam desempenhar, a saber: serem luz. Isso significa que nenhum cristão sincero deve esconder o que pensa sobre Deus, sobre si mesmo e sobre o meio em que vive. Jesus estava chamando à uma fé intencional e dialógica, cujo resultado sempre será Verdade (esclarecimento) e Vida (paz).
Portanto, para não ser cansativo neste raciocínio, concluo que não há como um cristão sincero viver à luz das escrituras e ignorar o meio em que vive. A fé cristã é viva e faz viver! Não se conforma com um estado de coisas onde os sinais da queda continuam a imperar: desigualdade social, pobreza e miséria, racismo, violação dos direitos fundamentais, crescimento econômico à qualquer custo, destruição do meio-ambiente, desprezo pelo órfão e pelo estrangeiro em situação de refúgio.
Jesus Cristo nos ensinou convergir Fé e Fato de uma forma simples e poderosa:
“Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, Pai, aqui na terra, como ela é feita no céu”. Que todos nós possamos abrir nossos olhos e nosso coração para sermos agentes de transformação, e que as relações interpessoais e com o meio em que vivemos sejam uma expressão do Reino de Deus.
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“Portanto, para não ser cansativo neste raciocínio, concluo que não há como um cristão sincero viver à luz das escrituras e ignorar o meio em que vive. A fé cristã é viva e faz viver! Não se conforma com um estado de coisas onde os sinais da queda continuam a imperar: desigualdade social, pobreza e miséria, racismo, violação dos direitos fundamentais, crescimento econômico a qualquer custo, destruição do meio-ambiente, desprezo pelo órfão e pelo estrangeiro em situação de refúgio.” – PERFEITA CONCLUSÃO!
Que seja o Evangelho vivo em nós!